TOXICIDADE POR CÁDMIO EM BIJUTERIAS POR VICTOR DIAS

Em 2014 bijuterias importadas da China foram detidas no porto do Rio de Janeiro por conterem alta quantidade de Cádmio, um metal tóxico que uma vez absorvido ganha rapidamente espaço em nosso organismo, podendo comprometer diversos órgãos.

Deste carregamento apreendido foram analisadas 24 amostras de anéis, colares e pulseiras. Para nossa surpresa as bijuterias continham cerca de 32%-39% de liga metálica (cádmio), ao passo que nos EUA o máximo permitido é de 0,03% e na Europa 0,01%.

Quando as pessoas se sujeitam usitar de bijuterias sem procedência, vendidas nas feiras hippies ou no centro da cidade, mal elas sabem que o risco de intoxicação é alto. Para vocês terem uma ideia, a quantidade do cádmio absorvido é aproximadamente cem vezes maior que a quantidade eliminada.

A exposição ao cádmio ocorre geralmente através de três maneiras:

1) Via oral: a partir da ingestão de água e alimentos contaminados;
2) Inalação: por meio da fumaça proveniente da industrialização e da combustão do tabaco;
3) Absorção: a partir do contato direto da substância com a pele. Aqui encaixam-se as bijuterias propriamente ditas.

Já que estamos falando da absorção do metal a partir do contato com as bijuterias, é de suma importância entender que quando o cádmio é absorvido, ele rapidamente é transportado pela corrente sanguínea até o fígado, onde por fim une-se à uma proteína. Esse complexo “proteína-cádmio” retorna novamente para a corrente sanguínea tendo como destino final diversos órgãos, dentre eles os pulmões, glândulas endócrinas, vasos sanguíneos, cérebro e rins.

Os rins são os órgãos mais acometidos, pois neles ocorrem a filtração dos metabólitos e conteúdos tóxicos oriundos da dieta, bem como a excreção de elementos exógenos – como por exemplo os metais pesados.

Ao longo deste processo de filtração e excreção, algumas substâncias são reabsorvidas para circulação e outras acabam se depositando nos néfrons (unidade funcional dos rins) como é o caso do Cádmio. Esse depósito tóxico gera lesão glomerular e prejuízo na filtração fisiológica, o que compromete inúmeros outros órgãos e sistemas.

Sinais e sintomas como hipertensão arterial, desordens hematológicas, deficiência hormonal, gastrite, inapetência, obesidade, insônia, infertilidade idiopática e carências nutricionais são comuns, as quais na grande maioria das vezes são tratadas de forma isolada.

É importante salientar que os fumantes são os mais susceptíveis à intoxicação subclinica, pois o Cádmio é uma das 4.700 substâncias asquerosas que compõem o tabaco.

Alguns estudos realizados em animais nos Estados Unidos e na Europa nos trazem que além dos tabagistas os alérgicos e as pessoas com algum tipo de ferida na pele também têm risco ampliado para maior absorção do metal. Estes estudos também citam outras fontes de contaminação como: mariscos e peixes de água poluída, fumaça do cigarro, pigmentos encontrados nos revestimentos de embalagens, tintas antigas, bateria de aparelhos eletrônicos e carros, entre outros…

Apesar de serem claras as evidências da toxidade do cádmio, ainda não foram realizados estudos científicos de grande impacto em seres humanos. Entretanto temos argumentos suficientes que sustentam hipóteses de que a exposição prolongada do metal pode culminar na gênese de patologias ainda não totalmente elucidadas pela medicina. Tais como câncer, enfermidades renais crônicas, doenças hepáticas, cardiovasculares, pulmonares e cerebrais.

1) WHO. Environmental Health Criteria 134: Cadmium. Geneva: World Health Organization; 1992. 280 p.
2) Sorensen EMB. Copper. In: Sorensen EMB, editor. Metal
3) Poisoning in Fish. Boca Raton: CRC Press; 1991. p. 235-84. 26.
4) Dimitrova MS, Tishinova T, Velcheva V. Combined effects of zinc znd lead on the hepatic superoxide dismutase-cata- lase system in carp. Comp Biochem Physiol C. 1994;108C:43-6.
5) Vosylienë MZ. The effect of heavy metal mixture on haematological parameters of rainbow trout. In: Lovejoy DA, editor. Heavy metals in environment. An integrated approach. Vilnius: Institute of Geology. Metalecology Society; 1999. p. 295-8.
6) Rogers JT, Richards JG, Wood CM. Ionoregulatory disruption as the acute toxic mechanism for lead in the rainbow trout. Aquatic Toxicol. 2003;64(2):215-34.
Autoria:

Dr. Victor Dias Moreira
Istagram: @drvictordimor
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