REMÉDIOS PARA DORMIR: TODO CUIDADO É POUCO!

A utilização de substâncias capazes de induzir o sono e aliviar as tensões cotidianas parece acompanhar o homem desde a Antiguidade. Na literatura, é possível identificarmos relatos A.C (Antes de Cristo) sobre o uso de plantas psicoativas capazes de produzir estupor e certo grau de inconsciência em rituais religiosos.

Na atualidade temos drogas avançadas e utilizadas há mais de 40 anos pela medicina moderna, estas são capazes de induzir os efeitos citados acima de acordo com a necessidade de cada patologia ou condição. Os benzodiazepínicos (BZD) por exemplo são medicamentos ansiolíticos e hipnóticos, indicados para transtornos psicóticos, crises graves de ansiedade e tantos outros problemas que, por teoria, pertencem ao médico psiquiatra.

Na década de 70, estes medicamentos eram encarados como drogas seguras e com baixa toxicidade. Hoje após diversas publicações, é possível encontrar revisões na literatura que contestam tais assertivas e sustentam os potenciais efeitos nocivos do uso abusivo e prolongado.

Uma pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre a utilização dos BZD em quatro países, revelou que a maioria dos colegas médicos prescrevem esta medicação para tratamentos que fogem do Guideline de transtorno de ansiedade.

Devido à rápida resposta terapêutica, estes medicamentos são bem difundidos pela população mundial e muitas vezes são prescritos de maneira inequívoca. Acredita-se que no Brasil temos mais de 50 milhões de usuários de BZD, citamos como exemplo o Diazepam (Valium), Clonazepam (Rivotril), Cloxazolan, (Olcadil) Bromazepam (Lexotan) e Alprazolam (Frontal).

Assim como qualquer medicação, é consenso que os BZD apresentam efeitos colaterais, dentre eles náuseas, depressão, sonolência, tonturas, diminuição da atenção e concentração, dificuldade de coordenação motora náuseas, alterações do apetite, visão borrada, pesadelos, confusão mental, diminuição da libido, sedação diurna, ansiedade, perda de interesse em atividades de lazer, incapacidade de sentir ou de expressar as emoções, abstinência, dependência, entre outros…

Mas é importante deixar explícito que estes medicamentos causam dependência e que o idoso tende a ficar mais sensível aos efeitos adversos, o que por conseguinte aumenta o risco de quedas, traumas e acidentes automobilísticos.

De acordo com um estudo caso-controle realizado pela Universidade de Bordeux na França e Universidade de Montreal, no Canadá que ganhou repercussão após sua publicação no“British Medical Journal” (umdos mais influentes e conceituados jornais sobre medicina do mundo), foram acompanhados cerca de 9 mil pacientes acima de 66 anos dependentes de benzodiazepínicos, por mais de três meses.

Chegou-se à conclusão que nesta circunstância o risco do desenvolvimento de Alzheimer elevou-se para 32%. Pasmem! Segundo o artigo quando o período de uso destes psicoativos ultrapassam seis meses, este risco amplia exponencialmente, podendo chegar a 82%.

Saliento que mesmo com este resultado expressivo, ainda não é consenso a interação destes medicamentos com a gênese da doença.

O objetivo deste artigo não é fazer sensacionalismo, até porque estes medicamentos são imprescindíveis para determinadas situações médicas. Venho aqui alertar que o uso indevido e abusivo dos “remedinhos” para dormir pode trazer péssimas repercussões, talvez irreversíveis para sua saúde.

Encerro o artigo citando o famoso ditado: “É melhor prevenir do que remediar”
Em breve trarei algumas informações e dicas para melhorar a qualidade do seu sono sem que você precise se entregar aos “tarjas pretas”.

Referências Bibliográficas:

1) WHO (World Health Organization), ” As burden of mental disorde looms large, contries report lack of mental health programmes, Genebra 2001

2) BMJ 2014; 349 Benzodiazepine use and risk of Alzheimer’s disease: case-control study

Autoria: Dr. Victor Dias Moreira – Médico
Site: www.drvictordias.com.br
Instagram:@drvictordimor

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