O QUE A LUZ AZUL DE NOSSAS TELAS ESTÁ REALMENTE CAUSANDO AOS NOSSOS OLHOS? POR ROBERTO FRANCO DO AMARAL

Sabemos Já Há Algum Tempo Que Utilização Excessiva Das Telas Não É Bom Para O Seu Sono, Mas As Últimas Descobertas São Esmagadoramente Sombrias – E Se Estendem Muito Além Da Insônia…
Um oftalmologista relatou que viu recentemente alguns pacientes de 35 anos de idade, cuja lentes, que são tipicamente claras até cerca dos 40 anos de idade, tão turvas que se assemelhavam às de 75 anos “. Um médico especialista em sono diz que crianças muito jovens estão sofrendo de insônia crônica, que por sua vez afeta o seu comportamento e desempenho na escola e creche. Um cientista descobriu que as mulheres que trabalham no turno da noite são duas vezes mais propensas a desenvolver câncer de mama do que aquelas que dormem à noite.
O Que Todos Esses Casos Têm Em Comum? Exposição Noturna À Luz Azul Que Emana De Nossas Telas.
Você provavelmente já ouviu um assunto que está dando o que falar nos últimos anos: estar na presença de luz durante a noite perturba os ritmos circadianos naturais do corpo por suprimir a produção de melatonina, um hormônio do sono. Mas melatonina faz muito mais do que nos ajudar a ficar com sono – é também um antioxidante que parece desempenhar um papel fundamental na redução da progressão do câncer e outras doenças.
“Eu passei muito dos meus últimos 20 anos me preocupando com isso”, disse o Dr. Richard Hansler, que durante 42 anos na GE Lighting, desenvolveu “todos os tipos de luzes bonitas e brilhantes” antes da sua transferência para a John Carroll University, em Ohio, onde estudou os efeitos da luz durante a noite, sobre a nossa saúde. Era meados de 1990 e nesse ponto, disse ele, sua preocupação não era amplamente compartilhada. “Eu descobri que o uso da luz durante a noite é ruim para a saúde das pessoas e interfere com o seu sono. Eu senti a obrigação moral de fazer algo sobre isso, especialmente quando eu aprendi que é o componente azul na luz branca comum, que está suprimindo a produção de melatonina. E melatonina não só ajuda a dormir, mas é um material maravilhoso que tem uma influência muito grande sobre a saúde em geral; especificamente, se você não tem o suficiente, você pode desenvolver diabetes, obesidade, doenças cardíacas, e até mesmo alguns tipos de câncer “.
Quando As Estrelas Ficam Azuis
O impacto da luz azul sobre a produção de melatonina só recentemente foi confirmado em 2001, quando cientistas descobriram que a luz na faixa azul do espectro, de 415 a 445 nanômetros (1 nm=1 milionésimo do milímetro), desintegra a molécula de melatonina. Por ser tão brilhante, a luz azul é amplamente usada em praticamente todos dispositivos de LED, incluindo smartphones, tablets, notebooks e TVs. E porque é tão intensa, parece estar causando todos os tipos de estragos em nossos olhos, sobre a melatonina e, consequentemente, sobre a nossa saúde.
As últimas pesquisas, de fato, sugerem fortemente que a produção de melatonina prejudicada devido à exposição à luz azul durante a noite está causando muito mais problemas do que a insônia… De diabetes e certos tipos de câncer ao lúpus e enxaqueca. Os optometristas estão mesmo encontrando altos níveis de estresse da retina em pessoas jovens, que podem levar ao aparecimento precoce da degeneração macular, que em casos extremos pode causar uma quase cegueira.
“Aqui está o que não precisa de pesquisa: a luz de 415 a 445nm é “super hot”, e se ela está realmente focada e perto – por exemplo quando se fala de um tablet a seis centímetros do rosto de uma criança – isto tem que ser significativo”, disse Dr. William Harrison, um renomado optometrista em Laguna Beach, Califórnia, que tem acompanhado a investigação sobre a luz azul de perto, desde o ano passado.
Como a luz artificial à noite surgiu apenas em torno do século passado, e a luz azul mais brilhante só foi tão intensamente concentrada em nossas fontes de luz nos últimos 10 ou 20 anos (as lâmpadas incandescentes anteriormente populares não emitem a mesma quantidade de luz azul, que é mais forte em lâmpadas fluorescentes compactas, mas ainda mais forte em LEDs), o seu efeito a longo prazo sobre os nossos olhos e corpos permanece desconhecido.
A Triagem Dos Problemas
Para aqueles que gostam de ler a literatura científica diretamente, aqui vai um rápido passeio por algumas das últimas descobertas, em uma pesquisa sobre a luz azul e melatonina através da ferramenta de busca PubMed da US National Library of Medicine:
A luz da sala não apenas suprime a produção de melatonina, mas também pode afetar o sono, a termorregulação, a pressão arterial e a homeostase da glicose.
A luz azul é considerada uma “poluição cancerígena” que em camundongos se correlaciona com as taxas de câncer mais altas.
A falta de melatonina está associada a maiores taxas de câncer de mama, de ovário e câncer de próstata, enquanto o bloqueio dos raios azuis com óculos cor de âmbar está ligado a taxas mais baixas de câncer.
A exposição à luz azul em pessoas parece ter um impacto sobre o humor.
Menor quantidade de melatonina em ratos está associada com maiores taxas de depressão.
Demasiada exposição à luz pode causar toxicidade da retina.
Exposição à luz azul pode estar desempenhando um papel na maior incidência de catarata e degeneração macular vistas hoje.
Quanto mais Hansler conduziu sua própria investigação sobre o impacto da luz azul sobre vários aspectos da saúde humana e animal, mais ele sentia que tinha a obrigação de fazer alguma coisa. Em 2005, ele e um grupo de físicos na John Carroll University desenvolveu lâmpadas que não emitem luz azul e óculos de proteção que bloqueiam essa parte do espectro, e, desde então, escreveu vários livros sobre o assunto. (Hansler tem agora 90 anos de idade e ainda não se aposentou).
Alguns desenvolvedores de óculos de proteção e óculos que bloqueiam a luz azul existem agora, incluindo Lighting Science fora da Flórida. Na verdade Dr. Michael Breus, o “Sleep Doctor”, que aparece regularmente em programas como Dr. Oz, está tão convencido pela ciência, que ele comprou lâmpadas “Good Night” da Lighting Science (com baixos níveis de luz azul) para o seu quarto e a lâmpada “Awake & Alert” (com mais luz azul para energizar de manhã) para o seu banheiro. Até mesmo os astronautas usam as lâmpadas para ajudar a regular seus ciclos de sono na Estação Espacial Internacional, que orbita a Terra a cada 90 minutos.
Ainda não está claro se as nossas telas em breve emitirão menos luz azul – Hansler é pessimista, porque diz que a mudança da quantidade de luz azul será como admitir que as telas estão causando problemas de saúde, e daí poderiam resultar ações judiciais. Por enquanto, há telas para tablets que se propõem a filtrar a luz azul, assim como aplicativos que permitem que você coloque o seu dispositivo em modo de dormir onde a luz contém menos azuis e mais âmbares. Hansler desconfia se essas telas e aplicativos funcionam, e quer mais pesquisa feita.
Nesse meio tempo, isso significa que todos nós precisamos abster-nos de qualquer TV ou luz como um todo, no quarto, uma hora ou duas antes de deitar, em um quarto tão escuro que você não pode ver sua mão na frente do seu rosto? “Eu acho que é uma porcaria”, diz Dr. Breus. “Se eu disse a todos para se colocarem no breu de um quarto escuro às 8 da noite, a 20 grausCelsius, sem barulho, as pessoas iriam dormir melhor? Talvez. Mas você precisa ter uma quantidade razoável.
Por Elizabeth Armstrong Moore. 1º de setembro, 2014
Tradução Mauricio Heleno e Pesquisa e edição: Dr Roberto Franco do Amaral Neto

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